O Abismo que te olha do alto
Se a sua fé não está bem embasada, afaste-se deste livro. Ele fala sobre aqueles momentos em que olhamos para o abismo da dúvida e o abismo olha de volta e diz “não há nada aqui”. Fala de pessoas que mergulharam no mar da incredulidade e vivem navegando, não em busca de um porto seguro em que acreditar, mas apenas vivendo a incredulidade. Este é um livro que, se lido sem a devida atenção, parece te convidar a duvidar de Deus.
Por outro lado, nas mesmas páginas onde você conhece personagens que abdicaram da fé em Deus e seguiram suas vidas, você encontra testemunhos que provam que a fé pode sobrepujar todos os obstáculos e pode manifestar o impossível por meio do poder de Jesus. Histórias de pessoas que, apesar dos vales, souberam escalar as montanhas e chegar mais perto de Deus.
Fé e Descrença não é um livro para qualquer pessoa. Não é para ser lido de uma sentada, ou simplesmente para recreação. É um livro para as pessoas que olham para o céu e tem a ousadia de perguntar “tem alguém aí?”, sabendo que a resposta pode ser o silêncio.
Mas o silêncio diz muitas coisas. Mais do que imaginamos. E nas divagações de Ruth Tucker, a autora, nós vemos que o silêncio de Deus já chegou ao seu coração diversas vezes, quase a fazendo desistir.
Muitos ficaram no caminho, e a história destes é riquíssima e incômoda, pois olhamos para eles e, muitas vezes, nos pegamos fazendo as mesmas perguntas, tomando as mesmas atitudes, pensando os mesmos pensamentos.
É um livro honesto, onde a autora não tem medo de colocar os próprios anseios e dúvidas para análise do leitor. Um livro onde você vê grandes personagens da fé atual (Bily Graham, por exemplo) questionando, inquirindo, mas seguindo em frente, vencendo.
Com este livro nós vemos que existe, sim, a fé inabalável, mas vemos que ela não é a única forma que a fé se manifesta. “Por que, para uns, crer é tão natural como respirar e, para outros, uma luta emocional e intelectual que no fim não vale a pena?”, a autora nos pergunta. Quando li esta pergunta vi que estava em um ponto entre os dois extremos apresentados, pendendo mais para o lado que diz “não vale a pena”.
Para alguns, este questionamento fortalece a fé. Eu fui fortalecido graças à leitura do livro. Para outros é apenas olhar para o abismo vazio e receber de volta o olhar que afirma “não há nada aqui”. Será que não há nada mesmo?
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