quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Wall Street - O dinheiro nunca dorme, já os roteiristas...

Se há uma coisa que me incomoda é incoerência em personagens no cinema. Afinal, já sabemos qual é a índole deles a partir de certo ponto do filme e esperamos que suas atitudes reflitam esta índole até o grand finale.
Parece que os roteiristas e o diretor de Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme dormiram no ponto em relação a este pequeno detalhe de enredo.
Tudo corre bem até certo ponto. O filme é bem amarrado, a história é bem contada e os personagens bem construídos na primeira metade da película. Por se tratar de um filme sobre Wall Street, uma continuação de outro que falava dos mesmos assuntos, você está familiarizado com aquele tipo de atitude. Todos são tubarões, todos querem comer dinheiro, todos querem jogar o jogo para vencer.
Em certo ponto as peças estão na mesa. O jovem idealista e vingativo, Jakob Moore (Shia LaBeouf), a pequena e indefesa namorada (Carey Mulligan, pode chamar de "Carey, a estranha" que não vamos estranhar), filha (clichê dos clichês!) do ex-lobo-mau de Wall Street Gordon Gekko (Mais uma vez ricamente interpretado por Michael Douglas), o vilão Bretton James (Josh Brolin, poderoso e cínico). Você mais ou menos sabe o que esperar de cada um deles.
Como eu disse, até certo ponto, próximo ao final, o filme corre muito bem, obrigado. Michael Douglas, inspírado, com um texto que faz píadas com a própria vida do ator (as histórias sobre o câncer, no filme, ficam com muito mais sentido se você sabe que ele está enfrentando uma batalha contra a doença na vida real), Shia LaBeouf (nomezinho morfético!) não atrapalhando, Susan Sarandon brincando de interpretar uma mulher paranóica (ela anda acostumada a este papel, não é?), Charlie Sheen (Sim! Contei o maior Spoiler do filme!) fazendo uma ponta quase como um Charlie Harper...
Então, desculpe a directiva, a farinha é jogada no ventilador e tudo se confunde. Você sabe que Gekko ia fazer aquilo, você sabe que Jakob ia cair, você sabe porque foi avisado desde o início do filme, desde antes, na verdade. Simplesmente porque você sabe quem é Gordon Gekko.
E não é que você descobre que ele não é nada daquilo?
E aí o filme perde a graça.
Porém, isso não tira a riqueza do filme até aquele ponto. Tudo o que aconteceu antes vale o ingresso. Todo o enredo, a trama bem amarrada, a história bem configurada, Wall Street é um bom filme, com um péssimo final. Só isso.
E fica a dica: diretores (entenda-se Oliver Stone) queremos respeito pelos personagens que acreditamos conhecer. Quer mostrar uma nova faceta? Não se permita um final pequeno-burguês-happy-end só porque é bonitinho. Não tem nada de bonitinho em Wall Street, tudo o que eles querem ver é o sangue dos adversários.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura na 2a Tarrafa Literária

Assuntos comuns a todos nós. Com esta pauta em mente, Luis Fernando Veríssimo, Zuenir Ventura e Arthur Dapieve se reuniram por quatro dias em um sítio perto do Rio de Janeiro para conversar. Simplesmente falar sobre a vida, a morte, o amor, a política, a amizade e tudo o que nos cerca. Desta conversa surgiu o livro "Conversa Sobre o Tempo" (Editora Agir - 2010), onde falam sobre sexo, amor, amizade, vida, morte, política e outros assuntos caros a todos nós, humanos mortais e normais.

Para falar sobre o livro os três participaram hoje da 2a Tarrafa Literária em Santos, fazendo aquilo que, com o livro, mostraram que sabem fazer bem: conversar. Falaram sobre os assuntos do livro com naturalidade, não evitando temas delicados (eu esperava que o LFV fosse fugir dos temas mais picantes, dada a sua peculiar timidez), mas apresentando seus pontos de vista, hora concordantes, hora discordantes, mas marcados sempre pelo respeito mútuo que vinte anos de amizade alimentaram nestes homens.

Arthur Dapieve foi mediador da conversa do escritor com o jornalista. Um senhor mediador, diga-se de passagem, sabendo a hora de intervir e a hora de permitir que ambos discorressem sobre os assuntos.

Zuenir, simpático é, como eu disse que o Torero já falara antes, o vizinho dos sonhos. Aquele cara que você para no elevador e ele começa a contar uma história e você perde a hora para o trabalho. Veríssimo, um observador nato, de riso pequeno e contido, é de uma inteligência e uma sagacidade ímpares, sempre solícito e dedicado ao tema que está discutindo.

Claro que o diálogo anterior, o livro, foi muito mais acurado, profundo e sólido, mas só o gostinho de ver os dois interagindo já foi de uma riqueza única.

E hoje tem quadrinhos (sim, nerdaiada do blog! amanhã tem Angeli e Alan Siebler, sendo entrevistados pelo Nerd por excelência André Rittes!)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Verborragia latente de Tom Zé marca primeira noite da Tarrafa Literária

Libertário. Talvez seja a palavra mais apropriada para definir Tom Zé. Mais do que um simples rebelde, Tom Zé é anárquico. Durante um show de uma hora e meia despeja sobre o público toda sua verborragia inteligente e sua poesia sonora com carinho, carisma e uma energia que não lhe falta.
Sim, Tom Zé velho é mais jovem que eu e não para um segundo sequer sobre o palco. anda, fala, caminha, dança. Canta pouco, é verdade, mas a genialidade não está na voz, e sim na mente, então sua garganta se faz desnecessária.
Carisma não lhe falta. Ao contrário, o pequeno gênio com sua energia contagia cada espectador. Ainda que o público seja formado pela sisuda classe intelectual santista, muitos jovens se deixaram levar pelo xote de encerramento e dançaram ao lado do mestre baiano mais paulista dos Doces Bárbaros. Sem delicadezas e sem fazer concessões, até para Neymar sobrou no show de ontem.
"O Neymar vai jogar hoje? Vocês viram o que fizeram com o tecnico? Estão criando um monstro"
O show reproduz parte do DVD " O Pirulito do Amor", e despeja o repertório de Tom Zé de forma divertida e envolvente, convidando o público a participar. Um show calcado na personagem que é Tom Zé, homem de letras várias e genialidade rara.
E hoje, às 19h, Luiz Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura em "Tempo de Conversa", com mediação de Arthur Dapieve.
A Tarrafa Literária está acontecendo no Theatro Guarany, na Praça dos Andradas, 100. Mais informações http://www.tarrafaliteraria.com.br/

Cara da Palavra traz qualidade para a internet

Conheço Fernando Diegues desde a faculdade. Estudamos juntos e nos formamos em jornalismo em 2003. Católico, já foi líder da Pastoral da Juventude e continua engajado em movimentos de formaçãode jovens na igreja de Roma. Um dos meus melhores amigos, alguém com quem gosto de discutir teologia de forma aberta, ouvindo e falando, com respeito e respaldo, trocando idéias e experiências, ensinando-nos um ao outro.

Uns meses atrás ele começou um projeto. http://www.caradapalavra.blogspot.com/, um blog com Victor Valente, um diálogo entre eles e com os leitores. Fernando é um fotógrafo sensível, de imagens perenes e marcantes, calcadas na utilização do referente como metáfora para uma mensagem maior.

Victor, professor de Português pela Universidade de São Paulo e músico, há mais de quatro anos na noite santista, leciona Gramática e Redação e desenvolve trabalhos como compositor e poeta, é metódico, com uma poesia que desconstrói o cotidiano com objetividade e beleza, nem sempre com delicadeza, mas sempre levando o leitor a pensar.

E pensar é o grande objetivo do blog Cara da Palavra. Pensar a poesia, a imagem e o cotidiano, buscando na ressignificação do conjunto um diálogo com o leitor.

Nesta entrevista abaixo, Fernando nos conta mais ou menos como surgiu o Blog, que vale a sua visita!

Webbenção: Como começou o blog?

Fernando Diegues: A ideia original do blog foi do Victor. Lá por abril ele veio falar comigo que tinha vontade de fazer um trabalho envolvendo seus poemas com fotografia e me convidou para colocar a ideia em prática, logo depois ele me enviou um e-mail com 15 poemas que demorei um pouco para começar a ler. Demorei porque, pela proposta que ele tinha, achava que não poderia ler os poemas de forma "burocrática", mas sim com "inspiração".
Mais de 1 mês depois comecei a ler os poemas e logo começaram a brotar em minha cabeça as ideias de fotografias. Algumas que teria que fazer e outras que já tinha feito no passado, mas que iam ao encontro da minha visão sobre os poemas.
WB: O que vc chama de visão "burocrática?"

FD: Ler logo pq ele mandou e preciso dar uma resposta. Ler pela "obrigação" de dar um retorno para ele, e não ler em um momento inspirado, um momento especial e dedicado ao ato de ler os poemas. Não sei se consegui me fazer claro.

WB: Sim, conseguiu

FD: Mandei uma resposta para o Victor no dia 13 de junho. No dia seguinte, 14 de junho, surgia na net o Cara da Palavra (o nome foi bolado pelo Victor, que como disse, é o "cabeça" do lance) O nome do blog é autoexplicativo: Qual a cara (foto) que a palavra (poesia) tem e vice-versa....

WB: Certo
FD: No começo falávamos em criar um livro, mas a intenção do blog é justamente poder dar o espaço do diálogo com a galera. A ideia é que esse diálogo se faça por meio do espaço para comentários. Eu e o Victor não queremos passar uma mensagem "certa" com cada postagem. Nossa intenção em cada post é iniciar conversas. Nós começamos um diálogo com a foto e poesia, cada um "lendo" o trabalho do outro. A partir daí, buscamos novas leituras, leituras próprias de quem nos visita. Não queremos que as pessoas "descubram" o que eventualmente pensamos sobre o conjunto, mas queremos partilhar qual visão as pessoas tem a partir dessa parceria entre os mundos da fotografia e poesia, quais são as suas "resignificações", e começamos a divulgar entre os amigos, alunos e listas de internet que participamos. aí começaram os "sustos bons".
WB: Qual a média de visitas por mês?

FD: nossa média de visitas é de 1.250 acessos/mês, dos mais variados lugares do Brasil (a maioria, claro) e exterior

WB: é um número significativo

FD: outros blogs de gente que nem conhecemos (como um blog de BH) passaram a divulgar e elogiar nosso trabalho. Para um projeto que não tem mídia, foi um número que nos espantou...a primeira vez que olhei pensei que teríamos 200-300 acessos, e já eram mais de 1.300. Aí os amigos começaram a perguntar sobre o blog, nossa alegria com o projeto tb nos fazia falar bastante dele.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tarrafa Literária começa nesta quarta

Começa nesta quarta (22), às 19h30, no Teatro Guarany, a 2ª edição da ‘Tarrafa Literária – Festival Internacional de Literatura’, com show da banda santista Querô e de Tom Zé.

O evento segue até domingo (26), com debates, palestras, lançamentos de livros, atividades infantis e oficinas literárias. A programação de quinta (23) inclui duas mesas-redondas: às 16h, ‘Amores Impressos’, com João Paulo Cuenca e Joça Reiners Terron, e mediação de Arthur Veríssimo; às 19h, ‘Tempo de Conversa’, com Luis Fernando Verisimo e Zuenir Ventura, mediada por Arthur Dapieve.

A Tarrafa é realizada pela Realejo Livros, com apoio da prefeitura. O ingresso é um livro usado em bom estado de conservação. O Guarany fica na Praça dos Andradas, 100, Centro Histórico. A programação está no site http://www.tarrafaliteraria.com.br/.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Trem paranaense é convite para conhecer a serra do mar


A Serra do Mar, Reserva da Biosfera pela UNESCO, é um pedaço da Floresta Atlântica que compõe 5% da mata natural no Brasil. Com o privilégio de deter um bom pedaço dessa porcentagem, o estado do Paraná preserva este tesouro ecológico que está localizado entre o primeiro planalto paranaense e a planície costeira do litoral.

A beleza da região causa muita admiração em turistas brasileiros e do mundo todo. São centenas de rios, cachoeiras, montanhas, vales, muito verde e animais que vivem neste cenário onde a única intervenção humana foi a construção de uma obra que até então se dizia ser impossível pela irregularidade do terreno.

Há 120 anos, os irmãos Rebouças começaram a realizar ali, a construção da estrada de ferro que liga Curitiba até Paranaguá. A obra passaria a ser fundamental para a economia e desenvolvimento do Estado, além de se tornar um dos destinos turísticos mais visitados do País. Só na alta temporada, que engloba os meses de novembro a fevereiro, passam pela rota aproximadamente 80 mil pessoas.

Atualmente o trajeto é administrado pela Serra Verde Express, empresa responsável pelos passeios turísticos de trem na Serra do Mar. No percurso, o trem sai da estação de Curitiba passando pelos municípios de Morretes, Pinhais e Piraquara, até chegar a Paranaguá. Na paisagem da Mata Atlântica, a linha ferroviária serpenteia a serra passando por grandes túneis. Entre eles o Roça Nova, localizado no ponto mais elevado do circuito, cerca de 900 metros acima do nível do mar e com a visão panorâmica mais privilegiada da região.

Seguindo o trajeto, o próximo destino é a Casa Ipiranga, que hospedou figurantes ilustres da nossa historia como o Imperador Dom Pedro II e o famoso pintor paranaense Alfredo Andersen. Nesse trecho a dica é observar o rio Ipiranga, que corta toda região, e as encantadoras quedas da Cachoeira Véu de Noiva e o Pico do Diabo.

Chegando à estação de Marumbi, o trem faz uma parada para os passageiros tirarem fotos do Pico Marumbi, com mais de 1,5 mil metros de altura. O local é muito frequentado por praticantes de montanhismo e de outros esportes radicais. No caminho há ainda a cascata dos Marumbinistas – uma queda d’água com 50 metros de altura.

Depois de apreciar as hipnotizantes quedas d’águas, o trem chega à estação do município de Morretes, uma das mais belas e antigas cidades do Estado. Lá, o turismo de aventura é um dos mais procurados graças ao Rio Nhundiaquara, que atravessa a cidade e ainda permite aos corajosos, a prática de esportes como canoagem, bóia-cross e pescarias.

Morretes também é o lugar ideal para saborear o delicioso Barreado, prato típico da região. De herança cabocla, o Barreado é preparado com, charque, toucinho e temperos em panelas de barro: o diferencial do prato. A iguaria é servida com banana assada, batata, farinha, pirão e frutos do mar. Impossível resistir à tradicional receita.

Chegando ao ponto final do roteiro, a última parada é Paranaguá, a cidade mais antiga do Estado com 349 anos. Assim como Morretes, Paranaguá é uma cidade histórica, do litoral paranaense. O município teve seu desenvolvimento impulsionado pela construção da linha férrea que faz a sua ligação com Curitiba. Com isso, o Porto de Paranaguá tornou-se o segundo do Brasil em volume de movimentação e o primeiro na área de transporte de grãos. Além disso, o local compõe um dos visuais mais charmosos do passeio ao final da tarde. A cidade também é rica em construções históricas a serem exploradas como museus, igrejas, casarões coloniais, monumentos, entre outros.

Turistas de todas as partes

O passeio de trem da Serra do Mar, no Paraná, atrai turistas de toda parte do Brasil e do mundo. Entre os visitantes brasileiros, os moradores da região sudeste, principalmente do Estado de São Paulo e cidades localizadas a um raio de distância de 600 km respondem por 70% do movimento. Os turistas da Região Nordestes do país correspondem a segunda maior demanda dos passeios. A visitação de turistas estrangeiros corresponde a 20% da ocupação, com destaque aos visitantes dos Estados Unidos, França e Alemanha. A medial anual de visitação é de 150 mil passageiros. Reservas e mais informações pelo telefone (41) 3888-3488 ou pelo site www.serraverdeexpress.com.br.

Sobre a Serra Verde Express

A Serra Verde Express foi criada em 1997 para administrar os trens turísticos do Paraná, que operam entre as cidades de Curitiba, Morretes e Paranaguá. Em pouco mais de uma década de trabalho, a empresa incrementou o turismo ferroviário no Paraná e fez do Estado referência no setor nacional e internacional, pois atrai anualmente uma média de pouco mais de 150 mil pessoas, ante uma demanda de apenas 50 mil quando assumiu a ação. Em 2009, a empresa foi convidada pelo Governo do Mato Grosso do Sul a operar o Pantanal Express. Em 2010, a Serra Verde passou a operar também o Trem das Montanhas Capixabas, no Espírito Santo. Para garantir a satisfação dos visitantes, a empresa, que pertence ao Grupo de Serviços Higi Serv, investe periodicamente em melhorias, treinamentos de funcionários e na preservação do meio ambiente. Mais informações http://www.serraverdeexpress.com.br/.
(fonte: assessoria de imprensa Serra Verde Express)

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Puny Parker



Tocante. Talvez esta seja a melhor palavra para definir “As Incríveis Aventuras do Pequeno Parker”, tirinhas que o artista Vitor Cafaggi apresenta em um blog (http://punyparker.blogspot.com/) e que conquistou todos os fãs brasileiros do homem aranha.

Ali, Vitor conta a história da infância do teioso, suas amizades na escola, o fato de ser CDF, a linda garotinha ruiva, tudo com sensibilidade, humor e beleza.

Calvin e Haroldo e Minduim são as referências mais claras no trabalho do artista,q eu traz toda uma aura oitentista, com referências a filmes, brinquedos e roupas da “década perdida”. Como sincero oitentista, devo dizer que adoro as brincadeiras e ter que encontrar algo tirado de um filme, uma música, um brinquedo, tudo pode se tornar referência e localiza-las é um prazer para quem viveu naquela época.

Além do Puny Parker, Vitor participou de algumas coletâneas de homenagem. A de maior destaque é MSP50, uma homenagem para Maurício de Souza onde cinquenta artistas brasileiros desenharam histórias com os personagens do criador da Monica. A história que ele conta com o Chico Bento é sensível e bonita. Também participou de “Pequenos Heróis” 1 e 2, onde conta histórias do Flash e (lógico) do Homem Aranha.

Enviei umas perguntinhas para o Vitor. Isso já faz um tempão e ele respondeu de pronto. Eu não conseguia publicar a matéria, o Blog ficou meio parado, mas agora consegui! Então, visitem o Puny, conheçam o trabalho e descubram um artista brasileiro de talento e sensibilidade sem iguais, com um trabalho simplesmente tocante.



1 - Qual foi a primeira revista em quadrinhos que você leu que te deu um start do tipo "Ah, eu quero fazer isso também."

A primeira revista que me marcou foi a Homem-Aranha nº 37 da Editora Abril. Era uma história incrível do Aranha enfrentando o Fanático. Me apaixonei na hora e, a partir dessa revista, comecei a colecionar de verdade quadrinhos. Antes disso, só comprava, ou ganhava revistas esporadicamente. Mas, acho que a vontade de fazer quadrinhos veio até antes disso, com a Turma da Mônica. Quando eu era muito pequeno, os quadrinhos de super heróis eram um pouco cansativos pra mim, tinham muito texto e valiam mesmo mais pelas imagens. A turma da Mônica não, eu queria ler a revista toda, eu queria entender o que aqueles personagens estavam fazendo. Conheci os quadrinhos do Maurício ainda bem pequeno graças a meu irmão mais velho e, naquela época, eu adorava passar minhas manhãs desenhando. O tempo foi passando e esses desenhos começaram a contar histórias.

2 - A Marvel conhece o Puny? Você já o mostrou para eles? O que eles pensaram sobre o Peterzinho?

Eu já mandei e-mails e uma carta mostrando as tirinhas pros editores da revista do Aranha na Marvel . Até pro caso deles me falarem pra parar de fazer isso, por questões legais, essas coisas. Mas, nunca tive resposta. Ia ser o máximo pra mim se um dia eles se manifestassem de forma positiva sobre o meu trabalho, mas hoje não me preocupo muito com isso. Gosto de pensar que, pelo menos eles estão avisados que eu estou fazendo isso, entenderam como uma homenagem aos personagens e às histórias deles e acharam que não tem problema.

3 - Peanuts. O que o trabalho do Schullz significa para você? As referências nas tirinhas do Puny vão desde o design que você deu aos personagens (o nariz do Peter, por exemplo, é igual ao do Charlie) até no próprio andamento das histórias, surgindo como uma referência direta, mostrando que existe ali enquanto inspiração.

O engraçado é que eu só fui ter um contato maior com as tirinhas do Schulz recentemente, bem depois de começar a fazer Puny Parker. Eu sempre adorei os desenhos animados do Charlie Brown (também por influência do meu irmão), eles me marcaram muito mesmo. Mas, quando era pequeno, achava as tirinhas dele um pouco sem graça, muito adultas. Já nessa época eu adorava as tirinhas do Calvin, do Bill Watterson. Que, por sua vez, era influenciado pelo Schulz! Assim, acho que o trabalho dele me influenciou indiretamente desde o começo.

4 - Que outros artistas te influenciam no Puny e em seus outros trabalhos?

Os trabalhos dos Bill Watterson e do Charles Schulz são, com certeza, minhas grandes influências em Puny Parker. Para mim, nosso jovem Peter Parker é um menino muito parecido com o Charlie Brown (tímido, azarado, apaixonado..) que vive uma vida parecida com a do Calvin (problemas com valentões na escola, tem uma imaginação muito fértil e figuras paternas bem marcantes).

Fora esses, vários artistas me influenciam de um jeito ou de outro. Alguns deles: Adam Hughes, Bruce Timm, Olivier Coipel, Frank Cho, os Romitas (pai e filho), Dave Stevens, Arthur Adams.. são muitos mesmo.

5 - Na coluna onde você fala sobre o trabalho na MSP50, você afirma que já sabia que personagem ia querer trabalhar. Seu desenho é diferente (um desenho lindo, lúdico, expressivo, que brinca com os limites do traço). nesta mesma coluna, você diz que aquele é seu traço tradicional. Quando veremos mais trabalhos naquele traço? (lembro que na primeira temporada do Puny tem uma tira onde você brinca com Peter e MJ adultos, e é uma história ótima)

Desde sempre meus dois personagens favoritos da Turma da Mônica são o Chico Bento e o Cebolinha. Então, logo pensei que minha história tinha que ser de um deles. Depois de uma vida inteira lendo as histórias desses dois, eu tinha na cabeça vários temas pra histórias que eu queria contar. Acabei escolhendo trabalhar com o Chico por sentir que eu conhecia melhor o personagem, talvez por me identificar mais com ele.

Desde o ano passado estou desenhando uma revista nesse meu estilo tradicional. Pretendo lançar ela esse ano ainda, no final de outubro. Vai ser uma história de 100 páginas com uma temática ligeiramente diferente de tudo que eu já fiz. Outra diferença dela pra história no MSP50, é que essa vai ser em preto e branco.

6 - Qual a dica que você dá para quem quer começar a escrevere desenhar quadrinhos?

Tanto pra escrever, quanto pra desenhar, é legal que você leia bastante. Que tenha contato com vários tipos diferentes de histórias e desenhistas, pra buscar referências e até pra saber o que já está sendo feito. Procura ser original nas suas ideias, fugir dos modismos e pense em fazer histórias que realmente queiram dizer alguma coisa pras pessoas, que acrescentem nas vidas delas. Desenhe todos os dias, faça tudo com amor de verdade àquilo que está fazendo e treine bastante, mas, muito mesmo.

7 - Hoje você vive da sua arte? Se não, o que faz para ganhar dinheiro?

Eu comecei a fazer quadrinhos a um ano e meio. Antes disso, eu tinha dois empregos, trabalhava de oito da manhã, às dez da noite. Quando decidi que queria pelo menos tentar fazer quadrinhos, larguei um desses empregos e mantive o outro. O Puny Parker era só uma brincadeira que acabou me trazendo convites pra participar de projetos legais como o Pequenos Heróis do Estevão Ribeiro e o MSP50. Ainda estou no começo, tenho muita coisa pra aprender, fora que ainda desenho num ritmo lento. Não consigo ainda viver de quadrinhos, quem sabe, daqui a uns dois ou três anos. Hoje, recebo bem menos do que recebia a dois anos atrás, mas é aquilo que eu falei sobre amar aquilo que a gente faz, a satisfação que fazer quadrinhos me traz, supera qualquer coisa.

Jornal Nacional: Modo de Fazer



Tenho que ser sincero. Não era muito fã do Jornal Nacional. Achava muito resumidinho, com pouco tempo para mostrar tudo o que tinha que mostrar. Gosto do Bonner e da Fátima, são, hoje, junto com Heródoto Barbero e Ricardo Boechat e sua Ticiana os melhores âncoras da TV brasileira, mas o ritmo do JN nunca foi o ritmo que eu gostei.
Porém, sempre pensei que o jornalismo de TV deveria ser daquele jeito mesmo. Não era uma questão de achar ruim, mas de adequação da minha parte ao formato, isso sim.
Depois de ler "Jornal Nacional: Modo de Fazer" (William Bonner - Editora Globo - 2009) a minha opinião mudou. Acompanhar todo o processo de preparação de um dos veículos jornalísticos mais respeitados do Brasil é fascinante e Bonner, com seu texto televisivo, imagético, rápido, direto e coeso, faz com que a aventura de colocar este boeing no ar seja instigante.
Depois de usar todos estes adjetivos (merecidos, diga-se de passagem), aprendi que a meta, a missão do JN é extremamente simples, mas muito ousada: "mostrar o que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia, com isenção, pluralidade e correção". Para realizar esta verdadeira façanha, uma equipe gigantesca se move todos os dias para produzir 33 a 35 minutos de notícias para informar e entreter o público.
Bonner explica as minúcias deste processo. Seu texto não é didático, mas televisivo, direto, objetivo, exemplificado por situações vividas de forma corriqueira na redação ou nas coberturas especiais de eventos grandiosos, como a morte de um Papa, o atentado de 11 de Setembro de 2001. Tudo devidamente embasado nos corretos princípios jornalísticos de isenção, pluralidade e correção.
Bonner não é "politicamente correto". Fala sobre seus erros e deslizes, não se poupa a autocrítica, tão saudável e tão ausente nos jornalistas brasileiros. Ele entende como funciona o grande avião que tem nas mãos e sabe que, para faze-lo voar, precisa de toda uma grande equipe que tem que estar funcionando como um relógio, buscando pelas falhas e reparando-as, evitando que o erro vá ao ar.
O erro, o furo, as regras do bom jornalismo, as perguntas, as histórias fazem de "Jornal Nacional: Modo de Fazer" mais do que uma leitura de entretenimento para matar a curiosidade de quem quer saber como acontece o maior telejornal brasileiro, é quase um guia para se fazer bom jornalismo na TV, seguindo regras básicas, mas ousadas, como um avião que precisa voar. Eu, sinceramente, me apaixonei por este boeing, que não perco mais.
(ah, sim.. minha mãe dá boa noite para o Bonner todo dia)

Jornal Nacional: Modo de Fazer
William Bonner
2009
Editora Globo
Se você quiser adquirir, encontra aqui

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Ativistas do Greenpeace condenados pelo governo japonês

Nessa semana, Junichi Sato e Toru Suzuki, ativistas do Greenpeace Japão, foram condenados a um ano de prisão, com pena suspensa por três anos. Ou seja, durante esse período não poderão se envolver em atividades do Greenpeace.
Junichi e Toru investigavam a caça ilegal de baleias em seu país. Em 2008, interceptaram caixas de carne de baleia desviadas para venda ilegal, e não para a pesquisa científica, como alega o governo japonês. Essas caixas foram entregues como parte da denùncia ao Ministério Público Federal. Em resposta, o governo japonês os prendeu por 26 dias e abriu julgamento por roubo e invasão de propriedade.
O diretor internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo considera a prisão uma arbitrariedade. “A liberdade de expor pacificamente problemas ambientais não é só parte fundamental da democracia, é um direito. O Greenpeace continuará a tratar o caso como prioridade global até que seja exposto o verdadeiro crime”.

Em protesto contra o resultado, ativistas brasileiros foram nesta quarta-feira ao Consulado do Japão, em São Paulo, com a faixa “Ativismo não é crime”. Vestidos de preto, fizeram uma hora de silêncio e protocolaram uma carta ao cônsul. A ação faz parte de um conjunto de atividades organizadas por escritórios do Greenpeace ao redor do mundo para apoiar Junichi e Toru.

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