sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Jornal Nacional: Modo de Fazer



Tenho que ser sincero. Não era muito fã do Jornal Nacional. Achava muito resumidinho, com pouco tempo para mostrar tudo o que tinha que mostrar. Gosto do Bonner e da Fátima, são, hoje, junto com Heródoto Barbero e Ricardo Boechat e sua Ticiana os melhores âncoras da TV brasileira, mas o ritmo do JN nunca foi o ritmo que eu gostei.
Porém, sempre pensei que o jornalismo de TV deveria ser daquele jeito mesmo. Não era uma questão de achar ruim, mas de adequação da minha parte ao formato, isso sim.
Depois de ler "Jornal Nacional: Modo de Fazer" (William Bonner - Editora Globo - 2009) a minha opinião mudou. Acompanhar todo o processo de preparação de um dos veículos jornalísticos mais respeitados do Brasil é fascinante e Bonner, com seu texto televisivo, imagético, rápido, direto e coeso, faz com que a aventura de colocar este boeing no ar seja instigante.
Depois de usar todos estes adjetivos (merecidos, diga-se de passagem), aprendi que a meta, a missão do JN é extremamente simples, mas muito ousada: "mostrar o que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia, com isenção, pluralidade e correção". Para realizar esta verdadeira façanha, uma equipe gigantesca se move todos os dias para produzir 33 a 35 minutos de notícias para informar e entreter o público.
Bonner explica as minúcias deste processo. Seu texto não é didático, mas televisivo, direto, objetivo, exemplificado por situações vividas de forma corriqueira na redação ou nas coberturas especiais de eventos grandiosos, como a morte de um Papa, o atentado de 11 de Setembro de 2001. Tudo devidamente embasado nos corretos princípios jornalísticos de isenção, pluralidade e correção.
Bonner não é "politicamente correto". Fala sobre seus erros e deslizes, não se poupa a autocrítica, tão saudável e tão ausente nos jornalistas brasileiros. Ele entende como funciona o grande avião que tem nas mãos e sabe que, para faze-lo voar, precisa de toda uma grande equipe que tem que estar funcionando como um relógio, buscando pelas falhas e reparando-as, evitando que o erro vá ao ar.
O erro, o furo, as regras do bom jornalismo, as perguntas, as histórias fazem de "Jornal Nacional: Modo de Fazer" mais do que uma leitura de entretenimento para matar a curiosidade de quem quer saber como acontece o maior telejornal brasileiro, é quase um guia para se fazer bom jornalismo na TV, seguindo regras básicas, mas ousadas, como um avião que precisa voar. Eu, sinceramente, me apaixonei por este boeing, que não perco mais.
(ah, sim.. minha mãe dá boa noite para o Bonner todo dia)

Jornal Nacional: Modo de Fazer
William Bonner
2009
Editora Globo
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