sábado, 2 de outubro de 2010

Crises existenciais...

Se eu tenho uma crise existencial, o que faço? Pego a bicicleta, saio andando por aí, rodo até a praia, sento de frente para o mar, pego um sorvete, tomo, chorando, volto para a casa, encosto a cabeça no travesseiro e durmo.

Se a Julia Roberts tem uma crise existencial ela viaja pelo mundo durante um ano.

Sim... UM ANO!

Ontem assisti a Comer Rezar Amar e devo dizer que é um filme gostoso de assistir. Longo, sim, mas gostoso.

Tudo começa quando Liz entra em parafuso, se separa depois de um casamento de oito anos, se envolve com um jovem ator adepto das religiões orientais, se separa deste rapaz e resolve que precisa se encontrar.

Nada melhor do que procurar fora o que você não encontra dentro. Pois Liz foi fazer exatamente isso.

Liz é interpretada por Julia Roberts. Não é surpresa que ela esteja irregular no papel. Em alguns momentos, excepcional, em outros, insossa, como se estivesse plugada no automático, mas isso não compromete a película, pois ela foi cercada de ótimos atores, gente do calibre de Richard Jenkins que tem a melhor cena do filme, quando conta o que está fazendo no mosteiro iogue na India. Interpretação digna de um oscar, sinceramente (mas sempre é, quando falamos dele).

Temos, também, Javier Bardem, o grupo da Itália e seu Dolce Far Niente, filosofia de vida do italiano baseada no não fazer nada (de onde eles tiram dinheiro, cazzo?), James Franco, repetindo o mesmo papel dos últimos 453 filmes em que esteve e não temos a mãe de Liz, que aparece no trailer mas que foi cortada do filme (aliás, andam fazendo muito isso, não é? onde está o beijo da Pepper Pots no elmo do Homem de Ferro em HF2?).

Por fim, a direção tão irregular quanto a interpretação de Julia Roberts tira do filme parte da beleza que poderia ter. A falta de unidade é esperada, visto que são três universos diferentes que Liz encara, porém, ela não parece carregar nada de um universo para o outro, não gerando conexão entre eles. As passagens são abruptas, repentinas e os ritmos de gravação diferentes. Fotografia? Até eu consigo fazer uma fotografia bonita em Roma, na Índia e em Bali, não é grande desafio (e ainda achei Bali desvalorizada, sinceramente). Mas uma coisa que se sente durante a última fase é como a Itália está distante. Talvez esta sensação seja fruto do tamanho do filme (140 minutos, pelamordedeus!), mas creio que é a falta de unidade mesmo.

A cena mais marcante está no trailer. A conversa entre Liz e Richard em um boteco na Índia onde ele fala para ela esvaziar a mente e então, quando o fizer, o universo vai preenche-la novamente, e tudo será como deveria ser. Liz cresce quando entende esta verdade, quando compreende que precisa se desvinciliar do passado para abrir as portas para o futuro, e esta é a grande lição do filme, uma lição que fica clara, fazendo com que a história alcance sua meta.

Bonito? Sem dúvida. Tocante? Muito. Forte? Um pouco. Identifico-me com Liz, não é difícil, afinal. Passou pelos mesmos questionamentos que eu tenho passado. Enquanto encaro a minha bicicleta em frente ao mar de Santos, ela viaja durante um ano pelo mundo. humpf...

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