quarta-feira, 10 de março de 2010

Hoje - Lestics

 
Arte de Guilherme Caldas

Isto é um elogio, apesar de muita gente não concordar. Lestics me lembra um pouco o IRA na época que o Nazi e o Edgar Scandurra gostavam um do outro e amavam fazer música.
Temáticas interessantes, existencialismo aplicado à música. Um folk indie rock criativo que me pegou esta semana.
A banda começou em 2007 quando Olavo Rocha (no vocal) e Umberto Serpieri (diversos instrumentos) resolveram se unir para fazer música. Hoje, agregam a banda, além dos membros originais, Marcelo Patu (no baixo e violão), Felipe Duarte (na bateria e percussão) e Lirinha (na guitarra e violão).
Por que a comparação com o Ira? Sempre considerei o Ira uma banda Folk deslocada no Brasil. Eles se pareciam muito com Zé Rodrix, Sá e Guarabyra, tinham um pouco de Mutantes e bastante pretensão de ser Dylan. Flores em Você, por exemplo, é um ótimo exemplo desta visão.
Lestics dá vários passos à frente, aprimorando, em primeiro lugar, a qualidade musical. Todos os envolvidos são instrumentistas originais. Olavo e Humberto escrevem muito bem, com poesia que lembra Los Hermanos (aliás, uma referência clara para o grupo). O lirismo aplicado ao dia a dia, bem a cara que a folk music tem.
“Hoje” é o mais novo trabalho do grupo paulistano. Os arranjos são simples e, nesta simplicidade, dão espaço para que as letras se destaquem com seu lirismo urbano/rural.
Som recomendado com louvor, e com uma outra vantagem: o download está disponível no site dos caras! E de graça!
Mas eu compraria o disco, se tivesse que pagar por ele.

Visite o site do Les Tics aqui

segunda-feira, 8 de março de 2010

Genesis - Robert Crumb

Para quem realmente gosta de quadrinhos, não gostar de Robert Crumb pode ser quase um sacrilégio. Eu era, então, um pecador. Fora os trabalhos com Harvey Pekar, de American Splendour, nunca gostei do autor do gato Fritz, um dos ícones da contracultura americana.
Até ele resolver desenhar um dos livros mais poderosos da cultura ocidental. A narrativa do Gênesis, primeiro livro da bíblia.
Quando li a notícia que de ele estava trabalhando no Gênesis, não consegui evitar o pensamento “isso não vai dar certo”. Imaginar Crumb respeitando o livro sagrado era como imaginar Hitler tendo uma amante judia, ou o diabo se convertendo e se arrependendo de seus pecados.
Pois não foi que ele o fez? Palavra por palavra, a história está lá. Sem tirar nem por, apenas representada, desenhada de acordo com o que Moisés escreveu conforme Deus lhe falara. A história da origem do mundo e da origem dos povos Hebreu e Muçulmano. O texto escolhido foi a base das três maiores culturas monoteístas do mundo. Não se trata, portanto, de escrito qualquer. Se ainda não tivesse poder espiritual, ainda teria a importância histórica que carrega.
Crumb pesquisou por quatro anos o livro e o tempo daquele povo. Consultou sua cultura, sua história. Pesquisou mais livros, historiadores e fez algo que, muitas vezes, não vemos em adaptações lideradas por cristãos (Crumb é ateu) que é o respeito total ao texto escrito.
A editora Conrad deu tratamento especial para o livro, que tem capa dura, páginas de papel de alta qualidade e tamanho diferenciado, respeitando o tamanho desenhado pelo autor e editado no original.
Por tudo isso, trata-se, no mínimo, de um trabalho curioso. Como já disse sobre ele, serve, para os que não acreditam, para aprender sobre a história da cultura ocidental. Para os que acreditam, dar rosto para personagens tão conhecidos como Abraão, José e outros.

Oscar!


“A festa demorou tanto que Avatar já é coisa do passado”, disse Steve Martin ao encerrar a festa do Oscar na noite de ontem, no Kodak Teather, em Los Angeles. A frase, emblemática na essência, representa a verdade da festa que foi vista: Avatar, um ícone de modernidade com sua técnica em três dimensões estereoscópica que arrebatou os olhos (mas não os corações) de multidões ao redor do mundo não venceu nenhuma das indicações não técnicas a que concorreu, mostrando que, em detrimento da tecnologia, Hollywood espera mais do cinema que se faz.
A noite foi de “Guerra ao Terror” e de Kathryn Bigelow, de Preciosa (que ainda não vi) e de Jeff Bridges. Definitivamente não foi a noite de Avatar e James Cameron.
Aliás, com toda a tecnologia envolvida no projeto, creio que a frase de Steve Martin seja a mais certa. Avatar é cinema do passado, feito de forma antiquada no roteiro, trabalhando com arquétipos, simplista e megalomaníaco. Um projeto que demorou dez anos para sair da gaveta para as telas, o sonho megalomaníaco de um homem, que arrebatou bilhões de dólares ao redor do mundo contando sua historinha para nós.
Por outro lado, Guerra ao Terror não é icônico, nem cheio de modernidade como o rival. Ao contrário, é conduzido com destra firme pela diretora (a primeira mulher a ganhar o prêmio de melhor diretor da academia), extraindo atuações fortes e impactantes, com cenas de ação envolventes e roteiro profundo. Isto, sim, mostrando o que se espera do cinema de amanhã: baixo custo e uma história que fale aos nossos corações.
Guerra ao Terror ganhou, também, como melhor filme, roteiro original e outros prêmios que não lembro. Bigelow estava sentada na cadeira da frente do ex-marido, James Cameron, que pôde ver de camarote o que a academia pensava sobre seu sonho maluco.
A verdade é que, com tudo o que se discutiu acerca do cinema 3D e da revolução que ele apresenta, o bom e velho cinemão é que arrebatou a noite. Palmas para Mo’Nique, Christoph Waltz, Sandra Bulock e Jeff Bridges por suas atuações poderosas. Palmas para Kathrin Bigelow e para a Fox Searchlights, pequeno estúdio independente da gigante da indústria cinematográfica. Palmas para o bom e velho cinema de diretor, mais uma vez, mostrando que é isso que a academia (e nós) queremos ver!

P.S. Palmas para Tarantino, por Bastardos Inglórios, que só levou ator coadjuvante, mas que merecia mais, mas pegou Bigelow pela frente, e entre as guerras que já passamos e as que estamos passando...

Clique Aqui para ver os vencedores

sábado, 6 de março de 2010

O Melhor da Semana


O Melhor da semana, especialmente para quem gosta de arte, seja alternativa ou tradicional! Leia, critique, 
comente, concorde ou discorde! O espaço é seu!


O cinema cria vilões reais e imaginários. Dos imaginários mais recentes, surge ainda em minha mente o coringa de Heath Ledger em Batman: Cavaleiro das Trevas. Porém, neste “Um olhar do Paraíso”, desponta um vilão real, visceral, frio, calculista e maravilhosamente interpretado por Stanley Tucci. O psicopata que ele cria é cheio de maneirismos e trejeitos tão comuns que não se destacam, tão normais que poderiam se passar por nossos vizinhos, ou mesmo nós mesmos. Aplausos, também, para a jovem Saorise Ronan, que carrega o filme inteiro nas costas sem quase interagir com ninguém. Agora, se você acha que é um filme que tem uma lição a ensinar, eu penso, que seja apenas que a vida não vale a pena e que o paraíso (para Peter Jackson, e não para mim, deixo claro) é apenas um gazebo perdido em qualquer lugar.


Ambientes que não visitamos há muito tempo tendem a nos parecer estranhos quando retornamos. A sensação de deslocamento é forte. Em outros ambientes, no entanto, sentimo-nos em casa quando retornamos, quando constatamos que nada mudou.
Este é o caso do Café Teatro Rolidei, no Teatro Municipal de Santos. Fui a uma apresentação sobre o poeta santista Ruy Ribeiro Couto que, devo admitir, não conhecia e que, devo reconhecer, é maravilhoso. O porto cria vida em suas palavras, bem como o cotidiano da cidade portuária, crescendo dentro da ilha e dentro dele, como reminiscência. Podemos sentir a contemporaneidade de sua poesia (escrita no início do século XX) ecoando ainda hoje nos paralelepípedos, nos conteineres e nas sacas sobre as costas dos estivadores.
Tanto Rui Ribeiro Couto quanto o Café Teatro Rolidei me deram uma sensação de lar restaurado de poesia e encanto.


Divórcios são complicados. Você pensa que pode amar alguém até o fim da vida quando, de repente, descobre que não é assim. Então você pensa em todo o tempo investido naquele relacionamento, todas as promessas feitas que não serão cumpridas. O sabor é de coisa incompleta, pontas soltas, situações mal resolvidas. Este é o sabor do filme “Simplesmente Complicado” sobre uma mulher, divorciada há dez anos, que torna-se amante de seu ex-marido, hoje, casado com uma mulher bem mais jovem. Junte a este mar de sentimentos a possibilidade de um novo amor e pronto, temos uma comédia romântica incomum, atípica, saborosa e bem amarrada. Com interpretações geniais de Steve Martin, Alec Baldwin e Maryl Streep e direção segura de Nancy Meyers, vale a pena assistir.



Certos discos e certas músicas demoram muito para serem ouvidas, e quando o são não encontram significado em nossa história. Um caso assim foi Pet Soudns do Beach Boys, que, sinceramente, demorei muito para ouvir e, quando ouvi, fiquei triste de não ter gostado. Não o achei tão revolucionário quanto John e Paul devem te-lo imaginado.
Porém, falando dos mesmos John e Paul, nesta semana ouvi Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band inteiro pela primeira vez. O disco é, no mínimo, épico. Um reflexo de uma época em que o rock and roll não seguia rótulos, não tinha máscaras, não era feito para vender. “Lucy in the Sky With Diamonds” é a perfeita expressão deste sentimento. Como classificar esta música? É certo que não se trata de rock tradicional, mas chamaríamos, hoje de indie rock? Folk? “Being for the Benefit of Mr. Kite!”, então, não pode ser enquadrada de forma nenhuma! Imperdível!
A capa é uma obra de arte por si só. Cada personagem homenageada tem sua história. No link no título você pode ver quem são, um pouco de sua história e muitas curiosidades!



Uma loja de camisetas diferente. Cada camiseta é uma mensagem em si, bem executada, com qualidade e beleza. Desde a luta em prol do meio ambiente até o combate aos invasores marcianos na terra (será?) as camisetas da Red Bug nos colocam para rir e pensar, sempre refletir no que está acontecendo com o mundo à nossa volta. Provocativas, as camisetas são modernas. Espie e você verá!






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