segunda-feira, 15 de novembro de 2010

The Runaways, ou Cherry Pie.




Eu só conseguia pensar nesta música assim que saí da exibição de The Runaways. Cherie Currie, a vocalista do primeiro grupo de rock de mulheres, representada por Dakota Fanning no filme sobre a banda, era uma explosão sexual nos anos 70, um ícone da busca da mulher pela libido perdida depois de tantos anos de repressão do desejo.
Desejo, aliás, é o que move a história contada no filme. Com roteiro inspirado no livro de Cherie, vemos meninas que querem ser estrelas do rock. Cada uma tem seus motivos para se levar por este desejo, mas o filme se concentra em apenas duas delas. Uma é Cherie, a outra é a segunda mulher a entrar para a história do Rock and Roll: Joan Jett.
Joan é mais que uma adolescente rebelde. No filme ela é um gênio da música ainda em estado bruto, em busca de uma voz própria. Sua música, sua sexualidade são um caminho de descobertas. As drogas abrem novos horizontes, mas não são seu foco. Seu foco é sua guitarra, que ela usa como veículo explosivo, mais bomb que a Cherry Bomb da música que tocam. Joan quer criar, quer que sua força esteja na música que produz, não no sucesso que tem.
Cherie é linda. Não precisaria de mais nada além disso, mas tem muito. É uma menina da Califórnia que quer mais do que trabalhar em lanchonetes como a irmã gêmea. Ela quer sucesso, quer fugir. Os olhos de Dakota Fanning borrados de maquiagem olhando para cima refletem bem o caminho que escolheu. A fuga, não o amor à música, a levou ao seu destino.



Cherry Bomb, cantada no Japão, com Cherie vestida de lingerie é emblemática. A cena, no filme, não é uma reprodução fiel do que aconteceu no palco naquele dia, um recurso usado ad nauseam (que quer dizer cansativamente, crianças) pelos diretores de filmes sobre bandas, mas reproduz toda a efervescência hormonal das Runaways e, especialmente, de Cherie Currie.
Ela era uma máquina de gerar desejo.  I’m a blond bombshell, diz em Dead End Justice. Jailbait, chave de cadeia. Esta energia, este poder, esta voz estridente cantando com vontade de gozar (é o que diz o produtor enquanto elas ensaiam) são a melhor reprodução do que era a vontade daquela geração. Todas queriam ser Cherry Bombs arround the world, baby.
Os homens? “I Wanna Be Your Dog”, era o que eles cantavam.

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails