Até ele resolver desenhar um dos
livros mais poderosos da cultura ocidental. A narrativa do Gênesis, primeiro
livro da bíblia.
Quando li a notícia que de ele
estava trabalhando no Gênesis, não consegui evitar o pensamento “isso não vai
dar certo”. Imaginar Crumb respeitando o livro sagrado era como imaginar Hitler
tendo uma amante judia, ou o diabo se convertendo e se arrependendo de seus
pecados.
Pois não foi que ele o fez?
Palavra por palavra, a história está lá. Sem tirar nem por, apenas
representada, desenhada de acordo com o que Moisés escreveu conforme Deus lhe
falara. A história da origem do mundo e da origem dos povos Hebreu e Muçulmano.
O texto escolhido foi a base das três maiores culturas monoteístas do mundo.
Não se trata, portanto, de escrito qualquer. Se ainda não tivesse poder
espiritual, ainda teria a importância histórica que carrega.
Crumb pesquisou por quatro anos o
livro e o tempo daquele povo. Consultou sua cultura, sua história. Pesquisou
mais livros, historiadores e fez algo que, muitas vezes, não vemos em
adaptações lideradas por cristãos (Crumb é ateu) que é o respeito total ao
texto escrito.
A editora Conrad deu tratamento
especial para o livro, que tem capa dura, páginas de papel de alta qualidade e
tamanho diferenciado, respeitando o tamanho desenhado pelo autor e editado no
original.
Por tudo isso, trata-se, no
mínimo, de um trabalho curioso. Como já disse sobre ele, serve, para os que não
acreditam, para aprender sobre a história da cultura ocidental. Para os que
acreditam, dar rosto para personagens tão conhecidos como Abraão, José e
outros.
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